O ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou neste sábado (16) que encaminhou à Polícia Federal (PF) as imagens que mostram uma encenação de um atentado contra um personagem caracterizado como o presidente Jair Bolsonaro (PL) e determinou a abertura de um inquérito para investigar a gravação.
Em publicação no Twitter, Torres disse ainda considerar “chocantes” as imagens.
“Circulam nas redes fotos e vídeos de um suposto atentado contra a vida do presidente Bolsonaro. Produção artística? Estamos estudando o caso para avaliar medidas cabíveis e apurar eventuais responsabilidades. As imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado.”
“Determinei encaminhamento do caso à PF para instauração de inquérito policial, e completa apuração dos fatos”, acrescentou o ministro.
O vídeo citado por Torres circulou intensamente nas redes sociais neste sábado, principalmente em perfis de apoiadores de Bolsonaro, que criticaram as cenas.
As imagens mostram o ator simulando andar em uma moto e, logo depois, caído no chão, ensanguentado, como se tivesse sofrido um atentado.
Poucas horas depois do tweet do ministro da Justiça, o Canal Brasil afirmou, em nota à imprensa, que e trata de uma produção independente do diretor Ruy Guerra.
A emissora ainda afirmou que as cenas seriam referentes ao filme “A Fúria”, que encerraria a trilogia composta por “Os Fuzis” (1964) e “A Queda” (1976). Eles ainda afirmaram que, apesar de “terem 3,61% dos direitos patrimoniais, o canal não interfere nas obras e que não tinha conhecimento da cena.”
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, também se manifestou sobre o vídeo. “Tentaram matar Bolsonaro uma vez e não conseguiram, agora, até ensinam como fazer”, afirmou.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, também se manifestou via Twitter. No post, ele classificou o ato como “imoral”.
“Repudio veemente qualquer ato que possa estimular a violência a quem quer que seja. Está circulando nas redes um “filme’ que demonstra o suposto assassinato do nosso presidente. Isso não é arte! Isso é um ato imoral à Nação e ao Governo Federal”, escreveu Mourão.
Ator encenando Bolsonaro em um set de filmagens.
TV Globo nega a autoria
Apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais chegaram a atribuir o vídeo a uma produção do grupo Globo, mas a emissora divulgou uma nota em que nega qualquer envolvimento com a gravação.
“A Globo desmente que pertençam a produções suas — seja para canal aberto, canais fechados próprios ou Globoplay — vídeo e fotos que estão circulando nas redes sociais de gravação de obra ficcional mostrando um atentado ao presidente da República. A Globo não tem nenhuma série, novela ou programa com esse conteúdo. Segundo foi informada, a gravação seria de um filme do cineasta Ruy Guerra chamado ‘A Fúria’, que pretende fechar a trilogia iniciada com ‘Os Fuzis’, de 1964, e ‘A Queda’, de 1976. O Canal Brasil tem uma participação de apenas 3,61% nos direitos patrimoniais desse filme, mas jamais foi informado dessas cenas e, como é praxe em casos de cineastas consagrados, não supervisiona a produção. Embora tenha participação acionária no Canal Brasil, a Globo não interfere na gestão e nos conteúdos do canal”, disse a empresa, no comunicado.
Nota à imprensa do Canal Brasil.
“As imagens de um atentado ficcional ao presidente da República que estão circulando na internet compõem uma produção independente dirigida pelo cineasta Ruy Guerra, intitulada ”A Fúria”, projeto de 2016. Este será o último longa-metragem da trilogia composta por “Os Fuzis” (1964) e “A Queda” (1976), filmes premiados internacionalmente. O Canal Brasil, que apoia a produção independente de cinema, tem participação de 3,61% nos direitos patrimoniais da obra de ficção “A Fúria”, mas não tem nenhuma gestão sobre o seu conteúdo. Como é de praxe, o canal não interfere nas obras que apoia, nem tampouco teve conhecimento prévio dessa cena. Ainda não assistimos a nenhum trecho do longa-metragem, que não foi finalizado por seus realizadores
Nota à imprensa de Ruy Guerra.
“Circula na internet uma imagem captada sem autorização de uma filmagem à qual atribui-se suposto, e infundado, discurso de ódio. Ruy Guerra filmou um longa-metragem de ficção que será lançado no final de 2023, portanto não há qualquer relação com o processo eleitoral e, muito menos, forjar fake news simulando um fato real. O fato ilegal neste caso é a divulgação de uma cena retirada do contexto da história que será contada. Esclarecidos estes fatos, o diretor Ruy Guerra avisa que só fala de seu filme quando estiver pronto, como ele sempre faz”