Voo da comitiva brasileira precisou contornar pela Finlândia para chegar a tempo para as comemorações do Dia da Vitória em Moscou.
A missão diplomática brasileira em direção à Rússia, para o Dia da Vitória comemorado em Moscou, precisou passar por ações rápidas já que um impasse inesperado durante o voo, envolvendo o espaço aéreo de países europeus, demandou intervenção imediata da Força Aérea Brasileira para assegurar a continuidade da viagem.
O avião presidencial Airbus VC-1 que transportava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve sua rota conforme planejado inicialmente. No entanto, alterações de última hora obrigaram a equipe de logística a recalcular trajetos e negociar novas autorizações ainda durante o voo, demonstrando a complexidade de operações diplomáticas dessa magnitude.
A origem do problema esteve na negativa de países bálticos, especificamente Estônia e da Letônia, que se recusaram a conceder permissão para que uma das aeronaves da comitiva brasileira sobrevoasse seus territórios. Enquanto isso, a Lituânia optou por não se pronunciar, deixando o pedido sem resposta.
Diante desse cenário, a FAB precisou agir com presteza e buscar uma alternativa viável, solicitando autorização de sobrevoo à Finlândia ainda durante o trajeto. Felizmente, a resposta positiva chegou em tempo hábil, permitindo que a missão prosseguisse sem maiores atrasos.
Na sexta-feira, dezenas de líderes estrangeiros participarão de uma cerimônia para marcar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial em Moscou. Líderes europeus e da OTAN estão, em sua maioria, boicotando o evento, já que as relações com a Rússia despencaram desde que o país lançou a invasão em larga escala da Ucrânia em 2022.
“O uso do espaço aéreo estoniano para ir a Moscou para o desfile de 9 de maio está fora de questão e a Estônia não pretende apoiar o evento de forma alguma”, disse o Ministro das Relações Exteriores da Estônia, Margus Tsahkna. “Além disso, enfatizamos aos nossos colegas da União Europeia que, como a Rússia é um país que lançou e continua uma guerra na Europa, a participação em eventos de propaganda organizados por eles deve ser descartada.”
A Estônia já proibiu voos de ou para Moscou para voos VIP cubanos e brasileiros, e as permissões para voos VIP para Moscou para as comemorações de 9 de maio serão retidas (ou, se necessário, suspensas), informou o ministério.
Na terça-feira (6), o assessor do Kremlin Yury Ushakov afirmou que Moscou esperava a presença de 29 líderes estrangeiros, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de representantes da área de defesa de 34 países, durante o Desfile do Dia da Vitória. O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, chegou à cidade russa de São Petersburgo no domingo e também deve participar do desfile em Moscou.
Na terça-feira, a mídia sérvia informou que Letônia e Lituânia proibiram o avião do presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, de sobrevoar seus territórios rumo à Rússia. Vucic chegou ao país na quarta-feira (07/05).
COMITIVA BRASILEIRA
A comitiva brasileira contou com três aeronaves distintas da Força Aérea Brasileira, cada uma desempenhando um papel crucial na operação. O avião principal, um Airbus A319CJ designado como VC-1, transportou o presidente Lula e sua equipe mais próxima. Além dele, um jato Embraer E190 designado VC-2 foi utilizado para levar parte da equipe de apoio e segurança, enquanto um Airbus A330-200 (KC-30), o maior avião da frota da FAB, foi encarregado de transportar o restante da delegação, incluindo diplomatas e assessores técnicos.
A complexidade da operação exigiu um planejamento minucioso, envolvendo cálculos precisos de rotas, consumo de combustível, escalas técnicas e autorizações internacionais. Embora os custos exatos não tenham sido divulgados oficialmente, estimativas baseadas em missões semelhantes sugerem que uma viagem dessa envergadura pode ultrapassar R$ 3,8 milhões, considerando despesas como combustível, manutenção preventiva, taxas aeroportuárias e remuneração da tripulação.
A Força Aérea Brasileira opera sob estritas diretrizes do governo federal, mantendo sigilo sobre detalhes operacionais por questões de segurança. Informações como rotas exatas, número de passageiros, horários de decolagem e pouso, e até mesmo a composição completa da tripulação são protegidas por protocolos institucionais. Essa discrição é essencial para garantir a integridade de missões presidenciais, especialmente em contextos internacionais sensíveis.