“Eles maltrataram minha família para me fazer sofrer. Minha esposa foi constantemente abusada sexualmente sob a ameaça de que, se eu não tolerasse, eles não a deixariam me ver”, afirma um ativista político preso e torturado por agentes do regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.
Esse é mais um de vários outros relatos que demonstram como a ditadura venezuelana vem instrumentalizando de forma perversa os procedimentos de tortura contra opositores políticos no país.
“Eles forçaram nossos filhos a testemunhar como eles tiravam a roupa de sua mãe e avó e eles também queriam tirar as roupas dos meus filhos”, completou ele, anonimamente, ao relatório da Seção de Participação e Reparação das Vítimas (VPRS), do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Além do relatório divulgado pelo TPI em abril, o Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea), revelou seu novo relatório anual na última quarta-feira (10), no qual aponta que os casos de tortura como o relatado acima continuam sendo uma realidade no regime do ditador Nicolás Maduro.
As informações também evidenciam a persistência de abusos sistemáticos contra os direitos humanos, com o uso de métodos cruéis e desumanos para reprimir dissidentes e silenciar a oposição política.
Ainda de acordo com as informações divulgadas, foram 51 denúncias de violações ao direito à integridade pessoal feitas diretamente ao Provea, que, completando com as denúncias coletadas em outros meios, como as feitas na mídia independente e outros órgãos locais de defesa de direitos humanos, somam um total de 2.203 vítimas, no período de janeiro a dezembro de 2022.
Em comparação com o período anterior (2021), em que foram relatadas um total de 1.306 vítimas, esse número representa um aumento de 68,6%. Juntando os dados, entre 2013 e 2022, já foram registrados, de acordo com o Provea, um total de 40.351 vítimas de violência à integridade pessoal.
Via Gazeta do Povo