Como os Portugueses impediram a Inglaterra de Fundar uma colônia no Rio Amazonas.

Como os Portugueses impediram a Inglaterra de Fundar uma colônia no Rio Amazonas.

Pode-se afirmar que desde sua descoberta pelos espanhóis, a Amazônia atraia a cobiça de ingleses, franceses e holandeses, que viam uma região desprotegida e relegada a segundo planos por espanhóis e portugueses.

No final do Século XVI os ingleses Sir Walter Raleigh , Jonh Ley, e Robert Thornton aportaramem terras na latitude do Equador, onde atualmente localiza-se a capital do estado do Amapá, acidade de Macapá e Thomas Roe chega em 1611 em ilha no baixo Amazonas na foz do rio Xingú. Outra presença inglesa diz respeito a Michael Harcourt e Edward
Harvey que a partir do Oiapoque e margeando a costa Amapaense adentram pelo baixo rio Araguarí no ano de 1609-12.

Destaca-se assim que pelo menos duas décadas antes dos portugueses marcarem presença na foz do Amazonas com a fundação de Belém, ingleses, irlandeses e holandeses já exploravam as terras denominadas na atualidade como amazônicas. Os empreendimentos comerciais de holandeses e ingleses na Amazônia funcionavam inicialmente por meio da instalação de feitorias e pequenos estabelecimentos militares na região do Baixo Amazonas e do Golfão Marajoara. As primeiras incursões eram empreendidas individualmente por comerciantes aventureiros motivados pelas possibilidades de lucro rápido e elevado, depois passavam a receber ajuda de companhias de exploração comercial com aval de suas respectivas coroas.

Duas companhias organizadas em Flessingen (Holanda) e em Londres financiavam empreendimentos comerciais estabelecidos na Amazônia naquele período. O comércio que se
estabeleceu compreendia a produção extraída da floresta, principalmente o urucum e madeiras, e o pescado salgado. Eles também chegaram a iniciar plantios de cana, algodão e tabaco e, os próprios governos passaram a estimular abertamente essas empresas

Oyapoc (ou Wiapoco ) foi o primeiro povoado inglês de curta duração, fundado em 1602 na região Amazônica por Charles Leigh, durando apenas 4 anos, após conflitos como índios locais.

Em 1620 o Rei Jaime I da Inglaterra, desafiando os Espanhóis, ordenou o estabelecimento de uma colônia no Rio Amazonas mais uma vez. Roger North (que havia feito parte da última expedição de Sir Walter Raleigh às Guianas) começou a estabelecer uma colônia com 120 homens, encontrando outros colonos ingleses e irlandeses da colônia de Haricourt.

A mão-de-obra ameríndia era usada na construção e na agricultura, paga em contas de vidro ou em ferro. Em 1621 os colonos ingleses e irlandeses construíram um fortim onde hoje é a ilha do Gurupá, no estado do Pará. Nesse período vários estabelecimentos ingleses foram erguidos na Amazônia, com a autorização dos reis Jaime I de Inglaterra (1603-1625) e Carlos I de Inglaterra (1625-1645)

Em 1629, o pernambucano Pedro da Costa Favela surpreendeu os colonos da Inglaterra neste estabelecimento fortificado, que resistiu ao cerco que lhe foi imposto por suas forças, a 26 de setembro de 1629. O Capitão português Pedro Teixeira chegou com reforços, e juntos, cerca de dois mil homens, a maioria indígenas flecheiros em noventa e oito canoas, conseguiram a sua rendição, a 24 de outubro de 1629, arrasando a posição.

Uma nau e dois patachos ingleses que para ali se dirigiam em 1631, com socorro e gente, ao saber do ocorrido, retornaram à Europa. Um dos patachos dirigiu-se ao estabelecimento inglês em Cumaú (Forte inglês de Cumaú), mas sem o auxílio do gentio, temeroso da reação portuguesa, não recebeu socorro e, com parte dos quarenta tripulantes enferma, caiu em mãos dos portugueses.

O Último baluarte da Inglaterra na região foi destruído por Feliciano Coelho de Carvalho, em 1632, com o arrasamento do Forte Inglês de Cumaú, no atual estado do Amapá. Sobre as suas ruínas foi erguido um novo fortim de madeira, Sucedido pelo atual Fortaleza de São José de Macapá em 1764.

As fortificações construídas pelos portugueses à medida que expulsavam os estrangeiros do Vale Amazônico, tinham como função não só servir como suporte à sua resistência armada contra os invasores, mas também fiscalizar as rentáveis atividades extrativistas dos colonizadores ibéricos, em especial, pelas congregações missionárias.

Nos combates militares entre portugueses e estrangeiros para o controle do território do Vale Amazônico, destaca-se a importância dos indígenas como aliados estratégicos, tanto do
lado dos estrangeiros como dos portugueses, pois esses comercializavam alimentos e possuíam o conhecimento sobre os recursos naturais retirados da floresta e dos rios, além de servirem como guerreiros durante os confrontos.

A partir do uso de violências e represálias, os portugueses, impunham o terror junto a tribos indígenas que evitavam ajudar os estrangeiros e, também, delatavam a presença deles em territórios portugueses. Dessa forma, os portugueses estabeleciam uma forma de cerco, onde os inimigos não podiam comercializar e receber auxílio dos índios, o que em certas ocasiões gerou
a morte por fome de estrangeiros. A falta de índios amigos fornecedores das drogas do sertão e alimentos e a construção do Forte de Gurupá, localizado em posição estratégica em conjunto com o Forte do Presépio em Belém, desestimularam novos empreendimentos comerciais de
estrangeiros na Amazônia.

De acordo com Tordesilhas, os domínios de Portugal na extremidade norte da América do Sul reduziam-se a uma estreita faixa de terra no estuário do rio Amazonas, que na regionalização estabelecida por Ab’Saber corresponderia ao setor sul do Golfão
Marajoara a partir da confluência da foz do rio Tocantins com o Rio Pará, nas proximidades da cidade de Belém. No entanto, em virtude da união das Coroas Ibéricas, os portugueses passam a
ser os responsáveis pela expulsão dos estrangeiros em terras da Espanha na América do Sul, devido ao seu posicionamento geográfico e pelos resultados positivos de campanhas militares, como por exemplo, na expulsão dos franceses do Maranhão em 1615.

Essa vitória pode ser considerada marco da reconquista do litoral norte do Brasil e, no sentido leste-oeste, assinala o início da conquista e ocupação da hiterlândia amazônica. Os portugueses, ao ultrapassarem os limites de Tordesilhas na missão de expulsar os estrangeiros dos domínios espanhóis, passariam a controlar antes do final do século
XVII, toda a imensa faixa litorânea que se estendia das terras Cabo Norte, atual Amapá, até o Maranhão, o que abrange, também, todo o Litoral do Pará e a grande desembocadura do rio
Amazonas; extensão que configuraria segundo Ab’Saber, o Litoral Amazônico com aproximadamente 1.850 Km.

Fonte: CASTRO, Therezinha de. O Brasil da Amazônia ao Prata. Rio de Janeiro: Colégio Pedro II, 1983. 122p./ PARA ALÉM DE TORDESILHAS: DINÂMICA TERRITORIAL SETENTRIONAL LITORÂNEA DO BRASIL COLONIALEmmanuel Raimundo Costa SantosUniversidade Federal do Amapá – UNIFAP

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