Marinha afunda porta-aviões com substâncias tóxicas após 6 meses de indefinição

Ambientalistas criticaram a ação ocorrida a 350 quilômetros da costa brasileira, em área com 5 mil metros de profundidade. Sob críticas de ambientalistas, o porta-aviões São Paulo foi afundado pela Marinha no fim da tarde sexta (3) mesmo com uma oferta de R$ 30 milhões de um grupo saudita pela embarcação e após aval da Justiça. O naufrágio ocorreu a 350 quilômetros da costa brasileira, em área com profundidade de 5.000 metros. Imagem capturada por satélites e divulgada pela ONG Greenpeace nesta sexta mostrava a embarcação a essa mesma distância da costa de Pernambuco, quase numa linha reta a partir de Recife. A embarcação possui quase dez toneladas de amianto, e seu afundamento foi alvo de discussões entre os ministros José Múcio Monteiro (Defesa) e Marina Silva (Meio Ambiente), que acabou derrotada. “O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro”, disse a Marinha, em nota. A operação ocorreu após, ainda nesta sexta, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região havia negado recurso do Ministério Público Federal e manteve a decisão da primeira instância da Justiça Federal em Pernambuco que indeferiu pedido para impedir que o casco do porta-aviões São Paulo fosse descartados em águas brasileiras. Adecisão da Marinha provocou reações por causa da contaminação gerada a partir do afundamento. Além da quantidade amianto remanescente na embarcação em partes estruturais, que não puderam ser retiradas, consultores estimam que haja cerca de 200 toneladas de PCBs (sigla em inglês para bifenilas policloradas), compostos usados como fluidos em cabos e outros componentes. Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis), alguns dos impactos previstos são distúrbios na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos e liberação de gases CFCs e HCFCs (que degradam a camada de ozônio e atuam no aquecimento do planeta). Além disso, o impacto físico sobre o fundo do mar provocaria a morte de espécies, a deterioração de ecossistemas e a carcaça poderia atrair espécies invasoras. A Marinha decidiu descartar o casco na costa brasileira mesmo após um grupo saudita oferecer R$ 30 milhões pelo equipamento. A proposta foi feita na última segunda-feira (30), após a Folha de S.Paulo revelar que a Marinha planejava afundar a embarcação diante do avançado grau de degradação do antigo aeródromo. O porta-aviões foi vendido em 2021 pela Marinha a um estaleiro turco especializado em desmanche de navios. O veículo deixou o Brasil no dia 4 de agosto do ano passado, em viagem que gerou protestos pelo mundo e foi monitorada em tempo real pelo Greenpeace. A Marinha diz que, após a decisão de desmobilizar o porta-aviões, optou pela venda do casco para “desmanche verde”, um processo de reciclagem segura para o qual o estaleiro turco Sök é credenciado e certificado. Mas, diante de denúncias sobre a exportação ilegal de amianto, o governo turco revogou autorização para entrada da embarcação no dia 26 de agosto, quando o navio se aproximava do Estreito de Gilbraltar, em viagem feita com o auxílio de um rebocador. Análises feitas pela ONG Shipbreaking Platform em um porta-aviões gêmeo ao São Paulo identificou 760 toneladas de amianto na embarcação. Diante disso, a organização passou a questionar se, de fato, o casco enviado pelo Brasil teria as 10 toneladas da substância tóxica como previsto no inventário. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) suspendeu a licença de exportação e determinou o retorno do navio ao Brasil. O porta-aviões, no entanto, foi impedido por decisões judiciais de atracar no Rio de Janeiro e em Pernambuco, e estava fundeado cerca de 46 quilômetros em frente ao litoral pernambucano, sob protestos da agente marítima MSK, parceira do estaleiro turco Sök Denizcilik and Ticaret na compra. Desde então, foi afastado e rebocado por duas embarcações da Marinha, a fragata União e o navio de apoio marítimo Purus, e navegava pela região.
Moraes toma dura decisão contra veículos da grande mídia, mas em seguida tem recuo estratégico

O ministro Alexandre de Moraes abriu investigação contra o senador Marcos do Val, nesta sexta-feira (3) Na decisão, ele determina que as emissoras CNN Brasil e GloboNews e a revista Veja entreguem o conteúdo completo gravado das entrevistas que fizeram com o parlamentar capixaba. No conteúdo original da decisão, Moraes previa multa diária de 100 mil reais para coagir os três veículos da grande mídia a entregarem, em até cinco dias, os registros de entrevistas com Do Val sobre a denúncia, na íntegra. Porém, minutos depois, a multa foi retirada, permanecendo a determinação de que os veículos citados deveriam apenas encaminhar as entrevistas “já publicizadas” com o senador. A decisão de Moraes fere a Constituição, dai, talvez, o recuo estratégico. Os veículos de jornalismo e os jornalistas, estão protegidos pela Lei maior, em seu artigo 5º, inciso 14: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Inciso XIV – e assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Por causa desse dispositivo constitucional, mesmo entrevistas gravadas por um jornalista podem não ser divulgadas de maneira integral porque durante a conversa o entrevistado pode pedir para que algum trecho não seja publicado. Isso está protegido pela Constituição e tem sido tradição de tribunais seguirem essa norma em todas as Instâncias. A decisão do ministro Alexandre de Moraes não considera esse aspecto constitucional a respeito do sigilo da fonte. O fato é que, mais uma vez, o Brasil se vê diante de uma afronta à liberdade.
Aras se manifesta a favor de retirar “mãe” e “pai” de documentos PGR se manifestou em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal.

Aras se manifesta a favor de retirar “mãe” e Em um país de maioria cristã e conservadora, a queda moral do Brasil parece que só se agrava, a medida em que pautas progressistas vão sendo retomadas com força total, incluindo ataques contra à família. Na semana passada, o procurador-geral da República, Augusto Aras, deu um parecer favorável a uma alteração em formulários, registros e documentos públicos no Brasil que atende a demandas de grupos LGBT. Entre as mudanças propostas, estão a possibilidade de trocar os títulos de “mãe” e “pai” por “filiação 1” e “filiação 2”. O que antes era apontado pela esquerda como teoria da conspiração, passa a se desenhar claramente na agenda LGBT. A decisão do PGR foi dada no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 899, ajuizada pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator da ADPF é o ministro Gilmar Mendes, que ainda não marcou data para o julgamento no calendário da Corte. O processo está no STF desde novembro de 2021. De acordo com o documento, a ABGLT pede que formulários e bancos de dados públicos “respeitem a identidade de gênero dos genitores, contemplando a possibilidade de dupla parentalidade por pessoas do mesmo gênero”. Além disso, pedem que seja declarado inconstitucional qualquer tipo de registro que não contemple essa exigência, sob argumentação de que os órgãos públicos deixem de exigir as expressões “pai” e “mãe” nos campos destinados à informação sobre filiação para não causar constrangimento. Ao se manifestar, Aras escreveu que “famílias homotransparentais hão de receber a mesma proteção jurídica conferida às configurações familiares heteronormativas, inclusive com designação adequada de gênero em documentos e formulários oficiais”. “O reconhecimento jurídico de diferentes conformações familiares é medida que promove a dignidade humana”, observa o PGR.
Tarifa Pix cobrada para transferências

Banco do Brasil: 0,99% do valor da transação, com tarifa mínima de R$ 1 e máxima de R$ 10. Bradesco: 1,40% do valor por transação, sendo que o valor mínimo é de R$ 0,90 e o valor máximo é de R$ 9,00. Itaú: 1,45% do valor da transação, com tarifa mínima de R$ 1,75 e máxima de R$ 9,60 Santander – 1% do valor da transação, com tarifa mínima de R$ 0,50 e máxima de R$ 10. Transfeera: R$ 0,85 e R$ 0,30, a depender da quantidade de pagamentos. Tarifa Pix cobrada para recebimento Bradesco: cobra 1,40% do valor por transação, sendo que o valor mínimo é de R$ 1,65 e o valor máximo é de R$ 145,00. Banco do Brasil – QR Code: 0,99% do valor da transação, com tarifa máxima de R$ 140. Itaú: até 1,45% do valor da transação, com tarifa mínima de R$ 1 e máxima de R$ 150. Santander – QR Code estático ou dinâmico: R$ 6,54; QR Code via checkout: 1,4% do valor transação, com tarifa mínima de R$ 0,95. Transfeera: R$ 0,85 e R$ 0,30, a depender da quantidade de pagamentos. https://g1.globo.com/economia/pix/noticia/2023/01/02/pix-novas-regras-do-servico-passam-a-valer-a-partir-desta-segunda-veja-o-que-muda.ghtml
Narcovacas’: a nova estratégia dos traficantes

Marinha da Espanha apreendeu grande quantidade de cocaína em um navio em meio a quase 1,7 mil animais. A Marinha da Espanha apreendeu 4,5 toneladas de cocaína que estavam em meio a mais de 1,7 mil animais. O caso foi registrado no sábado 28, em um navio que saiu da Colômbia com destino ao Líbano, porém, a embarcação foi abordada na Europa. O caso chamou a atenção da imprensa do continente que batizou como “narcovacas”. A história revela um novo método de carga e descarga de drogas em alto-mar. Já para a Espanha, o caso escancara a forma como “organizações criminosas se reinventam na hora de transportar drogas da América Latina para a Espanha utilizando gado vivo para dificultar o seu controle e localização”. Segundo a Marinha colombiana, o embarque era conhecido desde o início de janeiro, quase um mês antes de o navio ser detido nas Ilhas Canárias, na Espanha. No início do ano, as autoridades marítimas receberam informações sobre um possível navio de gado saindo de Cartagena, na Colômbia, carregado de drogas com destino ao Líbano e realizaram um processo de vigilância. Conforme as autoridades, o navio saiu do país latino apenas com os animais e sem as vacas. “Conseguimos verificar que a contaminação não ocorreu na Colômbia”, disse o vice-almirante Hernando Mattos Dager em entrevista ao jornal El País. A Marinha informou que alertou diversos países sobre a rota do navio e a possibilidade de escala para embarca da droga. Segundo o vice-almirante, a cocaína foi introduzida nas Antilhas. A Frontera Vacana, a empresa proprietária do gado, informou que não tinha conhecimento sobre o carregamento clandestino e que o crime foi cometido em Barbados. “Nas áreas comuns do navio, foi encontrado um silo de forragem e a presença de um número indeterminado de fardos do tipo comumente utilizado para o tráfico de cocaína”, explicou a Polícia Nacional Espanhola. Ao todo, 28 pessoas de diferentes nacionalidades foram presas na embarcação. O navio, como outros recentemente interceptados na Espanha com cocaína, portava a bandeira de Togo. Para autoridades de segurança pública da Colômbia e da Espanha, a apreensão no navio-cargueiro mostra a complexidade de se combater o tráfico internacional, uma vez que os navios responsáveis pelo transporte das maiores quantidades de entorpecentes muitas vezes não são abastecidos nos portos em que iniciam seus trajetos ― ou, em certos casos, a droga não chega com a embarcação no destino final.
Homem ateia fogo no próprio corpo em ato contra Moraes em Brasília. GRITOU: MORTE AO XANDÃO!

Segundo testemunhas, o homem tem 58 anos, é natural da cidade de Botucatu, no interior de São Paulo, e chegou a proferir gritos contra o ministro Alexandre de Moraes, em que dizia “morte ao Xandão”. A Polícia Militar do Distrito Federal informou que, em 31 de janeiro, um homem ateou fogo no próprio corpo como forma de protesto no gramado central da Esplanada dos Ministérios, em frente à Igreja Catedral Metropolitana, em Brasília. A corporação diz ter encontrado panfletos de cunho político com fotos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e do ditador nazista Adolf Hitler, com os dizeres “perdeu, mané”. Segundo a PMDF, testemunhas que passavam no local prestaram os primeiros socorros, apagaram as chamas e acionaram o serviço de emergência. Elas teriam relatado que o homem havia dito que atearia fogo em forma de protesto. A corporação diz ter sido acionada às 16h30. A vítima foi encaminhada pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU, até o hospital da Asa Norte. Não há confirmação sobre o estado de saúde do homem.
Pelo jeito não teremos picanha… E nem a ‘cervejinha’

Em 6 de agosto 2015 foi lançado um livro chamado Sonho Grande que narrava a trajetória de sucesso do bilionário Jorge Paulo Lemann e seus dois principais sócios: Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. O livro, escrito pela jornalista Cristiane Correa se tornou best-seller rapidamente e foi adotado por escolas de Administração e Economia em todo país. Agora Lemann que é o sócio referência das combalidas Americanas, começa a dar pesadelos na indústria de bebidas (mundial). A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) apontou um rombo de R$ 30 bilhões na Ambev, outra empresa sob o guarda-chuva de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, sócios da 3G Capital. Ambev e sua controladora Inbev mantém quase que o monopólio global de cervejas (e outras bebidas) no ocidente, veja algumas das marcas mais conhecidas de propriedade de Jorge Paulo Lemann e seus sócios: Brahma, Antártica, Skoll, Original, Caracu, Serra Malte e Bohemia só para citar algumas marcas brasileiras. O grupo também possui marcas globais como a Budweiser dos Estados Unidos, Corona do México, a alemã Becks e a belga Stella Artois. Um tremor na Ambev causaria um terremoto no mercado mundial de cervejas. O diretor-geral da CervBrasil, Paulo Patroni, , afirmou à Veja que os relatórios de fiscalização da Receita Federal apontam “bilhões e bilhões de ilícitos tributários” pelo menos desde 2017. Os balanços da Ambev, no entanto, não registram o montante. A confusão é tanta que até a empresa de auditoria está sendo investigada. A atuação da auditoria externa responsável por garantir a lisura da demonstração de resultados não passou despercebida, na esteira da “bomba” contábil de R$ 20 bilhões no balanço da Americanas (AMER3). No caso da varejista, foi a PwC que auditou os últimos balanços da empresa, em substituição à KPMG, que saiu da função em outubro 2019. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e conselhos de classe vão investigar não apenas a empresa PwC mas especificamente os profissionais que atuaram com as contas da Americanas. Um deles, inclusive já se manifestou. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) informou na quinta-feira (12) que a instauração de um processo administrativo ético-disciplinar para apurar “a conduta dos profissionais da contabilidade envolvidos no caso”. Parece que J. P. Lemann fez o “L” e sonhou alto demais…
Jornalista Glória Maria morre no Rio de Janeiro

Informação foi confirmada pela TV Globo, empresa pela qual ela exercia a profissão desde o início dos anos 1970. A jornalista e apresentadora Glória Maria morreu, na manhã desta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro por complicações de um câncer no cérebro. A informação foi confirmada pela TV Globo, empresa pela qual ela exercia a profissão desde o início dos anos 1970. “Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente – inicialmente também com êxito. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias”, relatou a assessoria da emissora em nota. “Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais”, acrescentou a TV Globo. A jornalista deixa duas filhas, Laura e Maria.
Excessos? O que dizem juristas sobre ‘superpoderes’ de Alexandre de Moraes contra atos de protestos em Brasília

Alexandre de Moraes chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017 por obra do acaso, quando uma inesperada vaga na Corte foi aberta após um acidente fatal vitimar o ministro Teori Zavascki. De lá pra cá, se tornou, possivelmente, a autoridade mais temida e poderosa da República. À frente de inquéritos controversos abertos de ofício pelo próprio STF, o ministro já determinou centenas de prisões, suspensão de contas em redes sociais e até mesmo o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, sob a justificativa de conter ataques à Corte e ao Estado Democrático de Direito. Para alguns, Moraes se tornou o herói da República, entendimento que ganhou mais apoio após o dia 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro inconformados com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva invadiram as sedes dos três Poderes. Para outros, porém, é visto como um ministro que acumulou poderes demais e tem desrespeitado garantias constitucionais, ferindo o sistema democrático que pretende preservar. A origem dos ‘superpoderes’ As investigações concentradas no gabinete de Moraes tiveram origem no chamado inquérito das Fake News, alvo de controvérsia jurídica já no seu início, por ter sido aberto no início de 2019 por decisão direta do então presidente do STF, Dias Toffoli. Isso foi feito à revelia da Procuradoria-Geral da República – ou seja, sem a participação do Ministério Público, que é a instituição responsável por investigar e denunciar criminalmente no país, segundo a Constituição Federal. No entanto, julgamento do STF de junho de 2020 considerou o inquérito legal. A avaliação foi que o Supremo pode abrir investigação quando ataques criminosos forem cometidos contra a própria Corte e seus membros, representando ameaças contra os Poderes instituídos, o Estado de Direito e a democracia. A partir daí, outros inquéritos foram instaurados, como os que investigam atos antidemocráticos ou a atuação de milícias digitais. Em vez de a relatoria dessas investigações serem sorteadas entre os ministros do STF, elas foram mantidas com Moraes, sob a justificativa de apurarem possíveis crimes relacionados ao inquérito inicial. Para críticos, como o professor de Direito Processual Penal da Universidade Federal Fluminense (UFF) João Pedro Pádua, isso estaria concentrando muitos poderes nas mãos do ministro. “A lógica do Estado de Direito foi criada lá no século 18, principalmente contra o absolutismo monárquico, que era o símbolo da concentração de poder. Então, a lógica do Estado de Direito é dividir poder, evitar que uma autoridade só, por mais poderosa que ela seja, decida sobre tudo. Porque se essa autoridade falhar, e é previsível que ela vá falhar, ninguém mais tem proteção em lugar nenhum”, argumenta o professor. autoridades provisoriamente, como a decretação de Estado de Defesa ou do Estado de Sítio pelo presidente, com aprovação do Congresso. “Nenhum Poder, nem mesmo o Supremo Tribunal Federal, poderia invocar situações excepcionais para aumentar os seus poderes, exceto nos casos que a própria Constituição prevê”, defende Pádua. “A despeito dos atos anômalos do dia 8 de janeiro, do cenário político que vemos no Brasil, ninguém, que eu saiba, propôs a sério a decretação de algum Estado de Sítio ou de Defesa no Brasil”, disse ainda. Na sua avaliação, é possível enfrentar as ameaças autoritárias com mecanismos constitucionais. Pádua cita como exemplo o afastamento de Ibaneis Rocha por 90 dias, que foi determinado por Moraes sem que houvesse um pedido da Procuradoria-Geral da República ou mesmo de outra instituição. Ele ressalta que o artigo 36 da Constituição permite ao STF determinar intervenção em uma unidade da federação para “assegurar o regime democrático”, desde que haja uma representação da PGR. Apoiadores da atuação de Moraes, por outro lado, argumentam que o procurador-geral da República, Augusto Aras, no cargo desde setembro de 2019, é aliado de Bolsonaro e tem sido omisso na repressão aos movimentos antidemocráticos. Para o professor da UFF, isso também não justifica ações que vê como anticonstitucionais. Ele questiona também se havia de fato necessidade de afastar Rocha quando Lula já havia determinado a intervenção federal na área de segurança pública do DF até 31 de janeiro. Essa medida adotada pelo presidente está prevista na Constituição e foi rapidamente referendada pelo Congresso, seguindo o que determina a lei. Emilio Peluso, por sua vez, defende a legitimidade da decisão. Ele nota que o afastamento foi determinado dentro de um requerimento apresentado pela Advocacia Geral da União (AGU), órgão que representa os interesses do Poder Executivo federal. Embora não houvesse uma solicitação direta para afastar o governador, o requerimento pedia de forma ampla que Moraes adotasse providências para impedir a repetição dos crimes, as chamadas medidas cautelares. É o que diz esse trecho do requerimento, apresentado dentro de um dos inquéritos presididos por Moraes: “Prisão em flagrante de todos os envolvidos nos atos criminosos decorrentes de prédios públicos federais em território nacional, inclusive do Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e demais agentes públicos responsáveis por atos e omissões, avaliando, até mesmo, a adoção de outras medidas cautelares que impeçam a prática de novos atos criminosos”. Ao determinar o afastamento com base nesse pedido, Moraes avaliou que “a omissão das autoridades públicas, além de potencialmente criminosa, é estarrecedora, pois os atos de terrorismo se revelam como verdadeira ‘tragédia anunciada’, pela publicidade da convocação das manifestações ilegais pelas redes”. Peluso ressalta também que a decisão de Moraes foi referendada por ampla maioria do STF. Apenas os ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro se opuseram ao afastamento. Para Nunes Marques, não houve omissão dolosa (intencional) por parte de Ibaneis Rocha. Já André Mendonça considerou que o Supremo não era a Corte adequada para decidir, já que governadores têm foro especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Prisões em massa? Outro ponto alvo de questionamentos foi a decisão de Moraes de determinar a prisão de todos que estavam no acampamento em frente ao Quartel General (QG) do Exército, no dia seguinte aos ataques antidemocráticos. Esse acampamento teve início logo após a eleição de Lula e pedia a ação das Forças Armadas para barra a posse do presidente
Temer, Tebet, ministros do STF e empresários se reúnem em Portugal

Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes participam do evento organizado pelo grupo de Doria. Um encontro organizado pelo grupo Lide reunirá, em Portugal, nesta semana, o ex-presidente da República Michel Temer, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, diversos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e mais de 240 empresários. A Lide Brazil Conference, em Lisboa, contará com a presença de Alexandre de Moraes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. Além deles também estará presente o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e o ministro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O encontro organizado pelo grupo comandado pelo ex-governador de São Paulo João Doria acontece nos dias 3 e 4 de fevereiro, em um hotel da capital portuguesa, e discutirá “institucionalidade e cooperação” e “economia, mercado e tecnologia”. Michel Temer, que participará da abertura do evento, se encontrará com a aliada Simone Tebet no momento em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o acusa de promover um golpe contra ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment que tirou a petista do cargo. A finalização daquele processo, no Senado, foi comandada pelo então presidente do STF Ricardo Lewandowski, que também estará presente. A participação de Tebet, porém, acontece no segundo dia, enquanto a de Temer se dará no primeiro. Além desas autoridades, também participarão do evento do Lide o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, o ministro da Economia de Portugal, António Costa e Silva e o embaixador do Brasil no país, Raimundo Carreiro. Entre os empresários, destacam-se Abílio Diniz, presidente da Península Participações; Luiz Carlos Trabucco, presidente do Conselho do Bradesco; Luiza Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza; Isaac Sidney, presidente da Febraban; Guilherme Nunes, CEO da Capital Group; Giorgio Medda, CEO da Azimut Group; e Miguel Setas, chairman da EDP Brasil-Espanha.