É a mais longa sentença aplicada pela Justiça desde que Daniel Ortega iniciou uma onda de repressão no país em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguenses e desacato.
Daniel Ortega e Lula em 2010, durante visita do ditador nicaraguense a Brasília.| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr
A decisão foi divulgada na sexta-feira 10. A sentença do juiz Octavio Ernesto Rothschuh, do Tribunal de Apelações de Manágua, é a mais longa aplicada a um opositor do regime sandinista desde que o governo iniciou uma onda de repressão, especialmente contra representantes da Igreja Católica, a partir de 2022.
Álvarez e outras sete pessoas foram presas pelas autoridades nicaraguenses na sede episcopal de Matagalpa, no centro-oeste do país, em agosto do ano passado.
Ortega considera que bispos e padres apoiaram manifestações que pediram sua saída em 2018, protestos que foram reprimidos com extrema violência, resultando em mais de 300 mortes. O bispo, então, entrou na mira da ditadura sandinista, quando a Igreja tentou intermediar o diálogo entre Ortega e oposicionistas. À época, Álvarez afirmou que não havia “outro caminho” a não ser “a democratização da República da Nicarágua”.
Sua posição como liderança social contra a repressão ganhou força em 2022. Em maio, Álvarez denunciou a perseguição contra a Igreja e anunciou que faria um jejum por tempo indeterminado em protesto. Em agosto, o bispo denunciou que havia sido retido na sua cúria por forças policiais sem saber o motivo, juntamente com seis sacerdotes. Ele foi preso de fato dias depois.
Na quinta-feira 9, a ditadura da Nicarágua anunciou o envio para os Estados Unidos 222 opositores que estavam presos e que tiveram suspensos seus direitos de cidadania. Eles foram acusados de “traidores da pátria”.