Procurador-geral da República reclama que órgão perde tempo analisando centenas de representações sem fundamento legal.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, criticou nesta sexta-feira (2) o fato de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ser constantemente acionada para analisar procedimentos “fantasiosos” e que carecem de argumentos jurídicos e legais. Segundo ele, o órgão máximo do Ministério Público Federal (MPF) tem sido “sabotado” para deixar de agir na investigação de temas relevantes.
“Esta procuradoria passou a ser, literalmente, sabotada com centenas de representações e notícias-crimes baseadas em meras notícias de jornais, previamente plantadas em representações, com autores falsos. Tudo isso é perda de tempo, perda de dinheiro público e faz parte de uma estratégia para impedir que este procurador continue investigando as verdadeiras organizações criminosas que tem nesse país”, disse Aras, em um vídeo publicado no YouTube.
Segundo Aras, a PGR está diante do que é chamado de fishing expedition, que acontece quando há uma procura especulativa de elementos que possam atribuir responsabilidade penal a alguém. “Não posso admitir fishing expedition, porque se eu fizer isso o Estado e seus agentes, que dispõem de tecnologias, de armas e de outros equipamentos, poderão estar, em vez de protegendo, perseguindo um cidadão, um pai de família, um trabalhador.”
O PGR comentou, por exemplo, que o pastor Silas Malafaia já apresentou ao MPF mais de 200 representações — a maioria contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e autoridades de outros Poderes — que dificilmente resultarão em algo concreto.
“Tem mais outros tantos que dirigem a essa instituição centenas de representações criminais. E isso é uma sabotagem ao nosso trabalho. Temos um trabalho mensal de centenas de representações, muitas falsas, às quais não podemos descartar, jogar na lata de lixo. Temos que investigar, temos que analisar uma a uma e dar uma resposta. É isso que nos preocupa, porque os nossos recursos não são suficientes para gastar tempo com coisas elementares”, afirmou Aras.
“Nós, a par de cumprirmos com nosso dever constitucional, ainda temos que enfrentar verdadeiras organizações criminosas que sabotam nosso trabalho com representações fantasiosas, desprovidas de suporte probante, de fundamento legal. Quem faz isso, faz de forma adrede [proposital], para ocupar a instituição e impedir que continuemos fazendo nosso trabalho de investigação, de acusação, de defesa do patrimônio público e de todos os bens e valores que nos incumbe velar”, acrescentou.